domingo, 14 de setembro de 2008

Um Ninho Feito de Penas

Você está vendo?
Minha árvore está morrendo.
Acontece todo ano,
Apesar dos meus alertas
Que queimam suas folhas;

E suas flores,
Às que devo a morte
De todas as minhas borboletas,
Estão caindo; e minhas borboletas,
Estas estão dançando

Em harmonia com meus espasmos,
Os que chamam de naturais,
Os que fazem a minha natureza
Ser a de que tudo volta
Por baixo de um lençol branco

Ou numa fotografia manchada de tempo,
Cujo verso me lembra das dores
Que não me perdoaria se esquecesse,
Pois ainda há em mim a esperança
De me arrepender e, de novo, não morrer

Como morre a minha árvore que,
Como vês, está morrendo
Assim como no ano passado
Quando a esculpi um corpo esbelto,
Daqueles dos meus sonhos

Que deixam meus movimentos agressivos
E minhas borboletas com raiva
De toda acidez que ingeri;
Então volta toda e cuspo fogo,
Derreto meus regadores e mangueiras.

Parece que arranjo todas as maneiras
De fazer minha árvore morrer
E, por fim, poder apreciar o fogo e padecer
Só para poder sentar aqui e escrever,
Como um ninho feito das minhas penas.

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