domingo, 14 de setembro de 2008

Um Ninho Feito de Penas

Você está vendo?
Minha árvore está morrendo.
Acontece todo ano,
Apesar dos meus alertas
Que queimam suas folhas;

E suas flores,
Às que devo a morte
De todas as minhas borboletas,
Estão caindo; e minhas borboletas,
Estas estão dançando

Em harmonia com meus espasmos,
Os que chamam de naturais,
Os que fazem a minha natureza
Ser a de que tudo volta
Por baixo de um lençol branco

Ou numa fotografia manchada de tempo,
Cujo verso me lembra das dores
Que não me perdoaria se esquecesse,
Pois ainda há em mim a esperança
De me arrepender e, de novo, não morrer

Como morre a minha árvore que,
Como vês, está morrendo
Assim como no ano passado
Quando a esculpi um corpo esbelto,
Daqueles dos meus sonhos

Que deixam meus movimentos agressivos
E minhas borboletas com raiva
De toda acidez que ingeri;
Então volta toda e cuspo fogo,
Derreto meus regadores e mangueiras.

Parece que arranjo todas as maneiras
De fazer minha árvore morrer
E, por fim, poder apreciar o fogo e padecer
Só para poder sentar aqui e escrever,
Como um ninho feito das minhas penas.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Palmeiras Selvagens

Que o William Faulkner me perdoe pela apropriação.
Culpa do destino que plantou seu livro no meu caminho - duas vezes.

Palmeiras Selvagens

Há uma Palmeira Selvagem na frente de minha casa
Que me serve de descanso quando tudo quebra e torce
E nenhuma música agrada meus ouvidos treinados
Para não se sentirem confortáveis com os barulhos das máquinas
Que corromperam o silêncio do mundo.

A janela do meu quarto enquadra a Palmeira Selvagem
Da meia-altura de seu torço ao fim do mais alto de seus galhos
Que me servem de aposta durante as tempestades de verão,
Pois digo que nunca os verei torcer ou quebrar e os chamarei,
Por artifício da inveja, de meus braços.

Mas hoje foi um dia de Sol e me sentei á minha varanda
Observando a solene firmeza da Palmeira Selvagem que balançava
Acenando-me a melodia que puxa da Terra e dela se alimenta
Para amanhã não se surpreender com os ventos do Norte e com a Chuva
Que a corta fundo, talhando minhas digitais.

E quando volta o furacão e a Palmeira Selvagem balança,
Volta-me o medo bobo do fim das Eras das Palmeiras Selvagens,
Portanto corro para segurar meus espelhos que convulsionam calados,
Corro para pegar meu estandarte todo branco recém confeccionado,
E planto meus pés fundo no meu jardim.