sábado, 2 de agosto de 2008

Homens

Enquanto andava sobre os cacos das noites passadas e do dia de hoje
Quando os homens sem pais quebraram as bancas de jornais e as suas casas
Alvejando as mentiras brancas que lhes foram contadas
Vi um alvo anjo do Senhor.

Olhando aquele ser de asas douradas, senti-me milhão de vezes mais fraco
Como se borboletas tirassem minhas forças e as levassem para o céu
Desenhando em tons pastéis minha mortalidade e passageirisse
Sujando as mãos do anjo de vermelho-sangue.

Tive medo que a minha lógica pudesse rapidamente
Questionar-me e fazer a visão desaparecer,
Por mais sangrenta que ela fosse, não poderia aparecer
Para um filho do Senhor que a tanto ignora seu Pai.

Portanto contive-me e re-organizei minhas memórias,
Sabia que lhe deveria algo perguntar, então,
Enquanto bombas celestes zuniam através de todos os ouvidos
Isto o perguntei:

Nove anos apenas e um buraco no peito?
Negou-lhe, ao seu pai, a paterna divina defesa
Derrubando as lágrimas que secam no cacto frio de espinhos
Do homem perdido na barganha do demônio.

Olhava-me com a amargura dos irremediáveis milênios,
O anjo do Senhor; sua carruagem flamejante, de ouro dos olhos dos homens,
Os que atiram para cima sem parar, está pronta, preparada para voar
Para os portões do Paraíso, onde o olho do homem não se corromperá.

E em todo lugar havia o alvoroço e o vidro quebrado e
Os sons entravam em qualquer lugar. Mas o seu braço era forte e me segurava,
Queria tocar sua trombeta e chamá-los todos às suas asas,
Queria tomá-los em seus braços e iniciar uma celebração.

Mas naquela maçã havia mais, e Lúcifer sabia mais do que era,
Pois o homem não se interessa mais por músicas e celebração
E as mãos do anjo do Senhor começam a pingar
O sangue dos filhos dos homens com buracos no peito.

Grita em lamento, a criatura divina, chora trovões no céu,
Subindo para onde agora tenho certeza nenhum homem deveria chegar.
Pois nós, os filhos do Senhor, cavamos nosso peito em busca do ouro
Nos olhos dos filhos dos nossos irmãos, aqueles que alvejamos.

Sete bilhões de anos e peitos despedaçados,
Negamos, a nossos filhos, a bênção divina da defesa
Derrubando as lágrimas que secam no cacto frio de espinhos
Dos homens perdidos na barganha do demônio.

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