Eu conheço dores
Aquelas que corroem a alma
quando nem mais a alma sobra
Para me sentar e de tanta dor
Escrever para parar de doer
E colar os cacos de sonhos
Que caem em meus ombros e costas
E as arranham
- como sangram as minhas costas -;
Cai o sangue quando aqui sento para orar
Para poder levantar quando me acordar
Ignorando outra caída pois,
Deus me avisa,
Ela virá
E não vai me esperar calçar
Minhas botas anti-espinhos-metálicos
Anti-estranhos-bufões,
Anti-espasmos-modernos,
Nem minhas calças furta-cores-do-mundo,
Furta-odores-do-mundo,
Furta-calor-do-mundo,
Muito menos minhas camisas negras
Que absorvem a Luz e me reconstroem
- com minha benção, caras, todas elas -
Como que erguendo o Eu-Muro,
o sítio turístico, o para se conhecer,
- Você sabe, conheceu-o do exato mesmo jeito
Que se levanta uma cerca de espinhos,
Os inorganicamente mal-feitos,
Como os que adornam minhas palavras
Inorganicamente mal-feitas como um camafeu,
Um dos que pingam segredos.
Mas conheço outra dor,
Uma pior que qualquer outra dor
Mesmo a do muro de espinhos ou as de Amor,
É a que dói quando se olha as nuvens pelos dois lados
e se percebe suas conjugações todas no passado
Maiores que o que agora se pode enxergar.
Um comentário:
!!
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