sábado, 18 de outubro de 2008

Licensa Poética

Eu?
Deverei eu honrar minha licensa poética até o fim?
Ignorar fatos e a gramática sempre que puder,
ou melhor,
Ignorar quando me for conveniente,
como quando deixei de usar todos os meus pentes
ou deixei de comprar pastas de dente
ou comecei a não dar mais bola pra gente que mente.

Me deixar distorcer o que vejo só para ficar mais bonito
no verso de um papel de pão quente que seja
Na trocentézima carta de amor perdida pela correnteza, meu bem, com certeza,
Isso me trará o prazer inefável da transgressão
E é o único que tenho...
...e olha que já está faltando

Pois já estou sucumbindo aos grilhões da simetria do mundo
e meus sonhos não são mais surreais
nem, ao menos, coloridos
nem, ao menos, fatais.

Quem sabe não está na hora de parar?
Vai ver que o fim é assim...